Quer ser feliz no amor? Tenha amigos solteiros e casados
Sempre achei a divisão da pelada de Solteiros X Casados meio estúpida até confirmar que, lá pelos trinta e poucos anos de idade, amigos solteiros e casados também acabam se dividindo em times. É difícil mesmo conciliar um encontro entre o colega que tem bebê pra cuidar na sexta à noite e o que quer perder a comanda na balada pra esquecer o próprio nome.
Daqui do banco dos solteiros, trago notícias: um ritual frequente na nossa vida é o de compartilhar histórias cabulosas sobre as presepadas em que a gente se mete quando tem o coração meio desgovernado.
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Durante alguma fase de pós-colisão amorosa, me queixei com uma amiga sobre o porre que é lidar com loucuras inéditas de estranhos ao invés das manias conhecidas dos ex. Foi então que ela me tranquilizou: "sei não" — e descreveu um par de brigas feias protagonizadas por casais da turma no final de semana anterior.
Uma conclusão possível para a nossa conversa seria o já bem batido "antes só do que mal acompanhado", mas a gente sabe que, mesmo quando estamos bem acompanhados, ter um par implica administrar eventuais tretas. Nesse caso, dá para trocar o provérbio ali de cima por outro ainda mais surrado: "ninguém está feliz com o que tem".
A lembrança das brigas em relacionamentos desgastados me tranquilizou quanto aos perrengues de paquera, mas o que tem me interessado desde então é conviver com gente bem casada que, de alguma maneira, também conta comigo para lembrar do óbvio: quando seres humanos não têm do que se queixar, eles vão lá e arranjam o problema perfeito pra isso. Solteiros, casados, viúvos, assexuados.
Apesar da lógica toda do desencontro entre amigos comprometidos e avulsos, se tem uma polarização que vem prejudicando o país tanto quanto o Fla X Flu ideológico é essa aí. Todo mundo perde quando não dá uma volta pela vida calçando os sapatos de outras pessoas.
Ultimamente, vejo de perto que meus amigos casados são felizes, apesar de tudo. Eles veem que sou feliz sozinha, apesar de tudo. Vamos refrescando a memória uns dos outros sobre essas coisas quando faz falta.
Para todo solteiro com geladeira desguarnecida (contém catchup, queijo ralado e uma conserva aleatória, apenas) existe um amigo casado podendo convidar pro almoço decente de domingo. Para todo cidadão casado que anda duvidando das próprias escolhas, sempre haverá o amigo solteiro disposto a levá-lo no bar e mostrar como é cara a fatura dos copos a mais — e dos anos de vida a menos — quando se está na pista.
Conviver com amigos de estados civis diferentes não traz o seu amor de volta em até três dias, mas ajuda em uma revelação básica: sozinhos ou acompanhados, estamos todos descascando um monte de abacaxis diariamente (com provável exceção do casal Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert, que nem cocô deve fazer).
Ter uma vida amorosa satisfatória, na maioria das vezes, pode ser apenas questão de notar que não estamos tão frustrados ou solitários quanto pensávamos. Com bons amigos por perto para bater uma real, quase ninguém está.
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