15 razões para continuar usando aplicativos de paquera
Luiza Sahd
03/05/2018 04h01
Conheça esta e outras ilustrações de Paul Blow aqui.
Se você usa aplicativos de paquera como Tinder, Happn ou Bumble, já deve ter se questionado muitas vezes se vale a pena continuar pendurando suas melhores selfies na web como se fosse mignon fresco na vitrine do açougue.
Antes de apertar o delete (e eventualmente voltar depois, feito cão arrependido), que tal levar esses benefícios incríveis em conta?
1- Usando os apps de paquera, você sempre pode confirmar aquela velha suspeita de que todas as pessoas amam música, livros, viagens e comida. Pasme.
2- Você nunca se esquecerá quem é ou de onde veio, porque tem a oportunidade de responder sobre isso umas 4 vezes ao dia.
3- O chat sempre pode lançar luzes sobre suas prioridades afetivas: sair com a pessoa de bom coração que usa roupas esquisitas ou com o paquito que não tem pique pra bater um papo firmeza?
4- Se aprimorar na subestimada arte da conversa fiada e aplicar técnicas ousadas de flerte, tipo mandar perguntas descabidas apenas para escapar do papinho de sempre.
5- Testar todo aquele potencial de espião que você não usou (porque virou publicitário) para dar aquela escaneada nas redes sociais dos possíveis dates e, no final, ter preferido não saber de nada.
6- Usar todo o seu talento & criatividade para expressar apenas o lado bom da sua vida e da sua personalidade.
7- Observar que os perfis (incluindo o seu) são tipo aqueles anúncios de pacotes de viagens com fotos maravilhosas: chegando no destino, a gente sempre descobre goteiras, mosquitos, dificuldade de locomoção ou coisa que o valha.
8- Perceber que tal qual os pacotes de viagens, também há casos de pacotes que parecem baratos demais e pouco promissores mas se revelam excelentes pedidas.
9- Se flagrar tratando e sendo tratado como um bem de consumo, tipo no caso da comparação entre pessoas e pacotes de viagens.
10- Ficar bolado tentando entender onde está a humanidade das pessoas e chegar à conclusão de que a única que está sob controle é a sua — mas deixar para pensar nisso amanhã, todos os dias.
11- Aprender coisas aleatórias com dates aleatórios que acabam enriquecendo o seu repertório, tais como: onde conseguir dentista de graça na cidade, o motivo pelo qual gregos costumam quebrar pratos, como tratar um cão ansioso ou por que o fuso horário da Península Ibérica não é padronizado.
12- Ficar na dúvida, depois de um encontro, se você já pode lidar com a pessoa como uma criatura normal ou se precisa continuar agindo como um logaritmo.
13- Ter sempre alguém para conversar sobre o episódio "Hang the DJ" do seriado Black Mirror.
14- Ter sempre alguém para culpar quando a vida afetiva não está lá aquelas coisas porque você, claro, tem uma atitute impecável sempre.
15- Ter do que reclamar. Os seres humanos amam reclamar das coisas e continuar fazendo, porque, caso contrário, vai ter que procurar coisas novas para se queixar.
Sobre a autora
Luiza Sahd é jornalista e escritora. Colaborou nas revistas Tpm, Superinteressante, Marie Claire e Playboy falando sobre comportamento, ciência, viagem, amor e sexo. Vive entre São Paulo e Madrid há anos, sem muita certeza sobre onde mora. Em linhas gerais, mora na internet desde 2008.
Sobre o blog
Um lugar na internet para falar das coisas difíceis da vida -- política, afeto, gênero, sociedade e humor -- da maneira mais fácil possível. Acredita de verdade que se expressar de modo simples é muito sofisticado.