Alguns momentos esquisitos para querer namorar
Luiza Sahd
19/02/2018 05h00
Um dos episódios mais ridículos da minha vida de solteira foi a vez em que estava subindo uma ladeira contra um vento frio de cortar o rosto, olhei para o lado e vi uma vitrine de lingeries. Entre mil sutiãs, camisolas e tangas sexy, o que me chamou a atenção, mesmo, foi um pijama flanelado que parecia super quentinho e confortável.
As lingeries me fizeram lembrar da abstinência sexual, mas o pijama foi o que machucou o coração. Me dei conta de que realmente preferia estar a bordo daquele pijama unsexy, comendo pizza velha direto da caixa — e espalhando farelo no lençol pra reclamar disso depois — acompanhada do mozão. Essa perspectiva me pareceu bastante melhor do que entrar naquelas calcinhas cheia de renda que dão coceira para fazer um strip-tease sei-lá-pra-quem. Prioridades, né?
Quando entro nesse tipo de devaneio, sempre acabo chegando a uma conclusão parecida com a da música "Cilada", salvo um pequeno detalhe. Não era amor; era carência.
Em outra ocasião, me peguei em um mercadinho deprimente vertendo lágrimas porque tocou "Felices los 4" e isso me fazia lembrar de uma piada interna com um embuste amoroso. Quando você chora ouvindo reggaeton do Maluma, amigo, é hora de rever todas as suas referências afetivas.
Pouco depois, entrei na internet e me dei conta de que pensar no amor em momentos ridículos talvez não seja exclusividade minha:
Se há uma palavra de conforto para oferecer a todos esses corações sofridos, é a seguinte: graças a Deus que a gente não pensa em voz alta.
Vida que segue até a próxima situação patética.
Sobre a autora
Luiza Sahd é jornalista e escritora. Colaborou nas revistas Tpm, Superinteressante, Marie Claire e Playboy falando sobre comportamento, ciência, viagem, amor e sexo. Vive entre São Paulo e Madrid há anos, sem muita certeza sobre onde mora. Em linhas gerais, mora na internet desde 2008.
Sobre o blog
Um lugar na internet para falar das coisas difíceis da vida -- política, afeto, gênero, sociedade e humor -- da maneira mais fácil possível. Acredita de verdade que se expressar de modo simples é muito sofisticado.