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Com a chegada de fevereiro, entramos no modo brasilidade total

Luiza Sahd

30/01/2018 05h00

Eis aqui o nosso bloco, 365 dias por ano.

Diz-se por aí que as pessoas se tornam melhores quando reconhecem suas verdadeiras vocações e se dedicam a elas. Posso estar enganada, mas entre tantos talentos tipicamente brasileiros (fora o maior de todos, que é fazer gambiarras), eu destacaria:

– Pular Carnaval;

– Se emocionar com a Copa do Mundo;

– Se envolver em tretas políticas.

Partindo desse pressuposto, parece que em 2018 teremos uma hecatombe de brasilidade no país — e pelo tanto de glitter que o pessoal tem jogado no corpo, ela já começou. Se isso são boas ou más notícias, é cedo para dizer. Mas fatos são fatos.

Antes mesmo de fevereiro, já teve dispersão de bloquinho com bombas. O motivo das bombas? A quantidade de pessoas esperadas para o evento era muito menor do que as que decidiram sambar. A grande prova de que o brasileiro é antes de tudo um forte é essa: quando a pessoa quer se divertir, acaba assumindo muitos riscos.

Por falar em riscos, o Carnaval traz alguns outros. Em 2017, um amigo me aconselhou a levar o celular dentro de uma doleira para não ser roubada na multidão. Graças à ampla adesão ao improviso de doleiras, o pessoal que vai à festa para trabalhar com roubos também improvisou. Fiquei sabendo, essa semana, que já estão usando canivetes para cortar doleiras com celulares.

Além de deixar o celular em casa, pode ser recomendável deixar também os cartões do banco. Comprar cerveja nos blocos pagando no crédito ou débito é uma comodidade recente, mas a grande novidade de 2018 é que estão trocando os cartões dos clientes, de propósito, durante a baguncinha. Diz que essa moda começou nos táxis e se estendeu para o Carnaval. E a gente sabe que, no Carnaval, se te devolvem um cartão escrito "Madonna da Silva" no lugar do seu nome, você não repara.

Pouco a pouco, vamos caminhando para um panorama de Carnaval em que só poderemos levar pra rua o glitter do corpo, tipo um exército de Globelezas, para não perder nada. Aliás, a perspectiva não chega a ser ruim de todo, mas chuto que as autoridades vão encrencar com essa parte do nudismo também.

… E pensar que essa é só a brasilidade 1 de 3 em 2018.

Fiquei me perguntando se estamos preparados para sediar três eventos desse porte em um ano só e a resposta óbvia foi "não". Depois, lembrei que sempre estivemos preparados para tudo, e isso é provavelmente o que nos torna tão fortes e tão vulneráveis ao mesmo tempo.

Preparados ou não, aí vamos nós de novo. Até novembro, é bom ativar sua brasilidade no modo hard.

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Sobre a autora

Luiza Sahd é jornalista e escritora. Colaborou nas revistas Tpm, Superinteressante, Marie Claire e Playboy falando sobre comportamento, ciência, viagem, amor e sexo. Vive entre São Paulo e Madrid há anos, sem muita certeza sobre onde mora. Em linhas gerais, mora na internet desde 2008.

Sobre o blog

Um lugar na internet para falar das coisas difíceis da vida -- política, afeto, gênero, sociedade e humor -- da maneira mais fácil possível. Acredita de verdade que se expressar de modo simples é muito sofisticado.