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Luiza Sahd

Imposto rosa: muito além dos prejuízos financeiros

Luiza Sahd

11/07/2018 05h00

Se você conhece o conceito de imposto rosa, já deve saber que ele provoca uma bola de neve do ponto de vista social. Queria trazer notícias melhores mas ele está aí para ser repensado.

Em linhas gerais, o que foi traduzido como taxa ou imposto rosa da expressão "pink tax" significa que produtos desenvolvidos para mulheres podem ser de 7 a 13% mais caros do que os mesmos produtos produzidos para homens. Você pode pensar em termos de roupas, sapatos ou lâminas de barbear, que são exemplos clássicos. Mas e se eu te contasse que aquele remedinho que você toma para a cólica, quando é vendido simplesmente como analgésico comum (exatamente com a mesma fórmula) também sai mais caro pra gente? Foi o que a Alyne explicou neste vídeo — que me deixou bem chateada, mas fica a critério achar isso normal.

Tal qual o pessoal de 2013 que dizia não ser pelos 20 centavos, o que me parece mais gritante na história da taxa rosa não são os 13%, mas o que torna essa invenção aceitável. Mulher paga mais para estar bonita porque é mais cobrada nesse sentido.

Se tem uma coisa que eu sei é por que invisto pequenas fortunas por xampus que aportam volume aos fios — enquanto os caras lavam o cabelo (quando há) com qualquer coisa que faça espuma. Sou mulher, não posso me apresentar de qualquer jeito.

Se você se estressa quando precisa vestir um biquíni, quando sai sem maquiagem, se você fica mais aflita do que os colegas da firma quando os cabelos brancos dão as caras, se você tem aflição da sua perna quando os pelos voltam a crescer, está justificando um pouco a existência da taxa rosa. Todos estamos, homens e mulheres.

Apesar de ganharmos salários 20% menores do que os de nossos pares homens, pagamos mais caro por produtos "premium", como é o caso dos cosméticos de última geração que esfregamos no rosto. Se você nunca se perguntou, de todo o coração, por que precisa se arrumar tão melhor do que os caras, fica aí a oportunidade.

Sobre a autora

Luiza Sahd é jornalista e escritora. Colaborou nas revistas Tpm, Superinteressante, Marie Claire e Playboy falando sobre comportamento, ciência, viagem, amor e sexo. Vive entre São Paulo e Madrid há anos, sem muita certeza sobre onde mora. Em linhas gerais, mora na internet desde 2008.

Sobre o blog

Um lugar na internet para falar das coisas difíceis da vida -- política, afeto, gênero, sociedade e humor -- da maneira mais fácil possível. Acredita de verdade que se expressar de modo simples é muito sofisticado.