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Luiza Sahd

Afinal, gente de 30 anos é coroa ou não?

Luiza Sahd

21/11/2017 08h00

Outro dia, caçando pauta na internet, tomei uma voadora virtual com o tweet de um amigo revelando que a música "Panela Velha", sucesso na voz de Sergio Reis, falava de uma mulher de 30 anos. Peço um minuto de vossa atenção na letra aqui, porque sigo em choque:

 


Antes de fazer qualquer problematização, vamos a uma continha rápida? "Panela Velha" foi composta por Moraezinho e Auri Silvestre. No ano de lançamento, 1983, Moraezinho tinha 37 anos. Tomara que ele tenha feito a música aos 18 e desengavetado nos anos 1980, porque, se não, que mancada.

Mas voltando ao foco, panela velha é que faz comida boa?

Talvez seja um probleminha geracional, mas metade dos meus amigos de 30 sabem nem cozinhar. Ainda que o lance da panela velha fosse uma metáfora, temos aí uma boa questão: gente inapta para a vida pode ser considerada coroa? Porque se tem algum jovem lendo isso aqui, já adianto que, aos 30, ninguém aprendeu a viver ainda.

São muitas questões. Gente de 30, hoje em dia, tá morando com os pais. Gente de 30 fica nas redes sociais dando xilique porque leu spoiler de seriado sem querer (quando poderia estar fazendo algo mais maduro). Sabe quem tem mais ou menos 30 anos também? A Lady Gaga. A Rihanna. Beyoncé tem 36 e o Ryan Gosling tem 37. Eu quis botar um ovo quando ouvi "Panela Velha" com atenção redobrada. O primeiro impulso foi mandar um ESCUTA AQUI, SOMOS JOVENS. Mas aí, lembrei de umas coisas.

Gente de 30 já não aguenta noite mal dormida como aos 20. Aos 30, aquela ressaquinha matinal passa a durar dois dias. Com várias colegas da mesma idade, já entrei para o seleto grupo dos portadores hérnia de disco. Gente de 30 já reclama quando vem me vistar e descobre que precisa subir três andares sem elevador — o que me rendeu o carinhoso apelido "pagadora de promessas". Meus amigos de 30 estão ficando carecas.

Junte todos esses ingredientes em uma panela, velha ou não, e em uma coisa a gente pode concordar: não interessa se somos coroas, o que a geração trintona está, hoje em dia, é meio combalida (mas ainda damos um caldo).

Sobre a autora

Luiza Sahd é jornalista e escritora. Colaborou nas revistas Tpm, Superinteressante, Marie Claire e Playboy falando sobre comportamento, ciência, viagem, amor e sexo. Vive entre São Paulo e Madrid há anos, sem muita certeza sobre onde mora. Em linhas gerais, mora na internet desde 2008.

Sobre o blog

Um lugar na internet para falar das coisas difíceis da vida -- política, afeto, gênero, sociedade e humor -- da maneira mais fácil possível. Acredita de verdade que se expressar de modo simples é muito sofisticado.