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Luiza Sahd

Se a gente pensar em 2018, não precisamos comemorar o Halloween 2017

Luiza Sahd

31/10/2017 10h31

No Halloween 2018, a gente vai estar só o Hulk da Vila Cruzeiro (Foto: Reprodução/ Jornal Extra)

Em um primeiro momento, pode parecer tentadora essa história de aproveitar o Dia das Bruxas gringo para se fantasiar fora de época. Saudades do carnaval, né? Quem curte comer umas guloseimas bem lixo (quem não curte já está morto por dentro e nem sabe) também vê no Halloween uma excelente oportunidade de fantasiar o filho, o sobrinho ou o primo e arrecadar uns chocolatinhos, com sorte uns chicletes para reciclar na balada depois.

O que eu acho, como brasileira, é que a gente deveria fazer exatamente o oposto. Você já parou para pensar no Halloween 2018? Vai coincidir com as eleições. E nada pode ser mais fantasmagórico e assustador do que as Eleições 2018.

Olhando pela positividade, a boa notícia para todos, exceto 3% da população, é que já não seremos presididos por Michel Temer. A péssima notícia é que assim como nos piores filmes de terror, não temos ideia do que pode sair daí (Luciano Huck? Ciro Gomes? João Doria? Bolsonaro? Lula? Alckmin?). Se a gente parar um minutinho só para pensar no nível de discussões e análises que vão brotar na esfera pública em outubro de 2018, é fácil chegar à conclusão de que, em 2018, pode ser que a gente sinta SAUDADES de 2017. O Halloween vai ser a vida real… e sem parar.

Pensando nisso, sugiro aqui uma série de atividades melhores do que pensar em mortos, monstros e zumbis no último outubro de relativo pacifismo antes da hecatombe do próximo Dia das Bruxas:

Colher flores no campo;

Fazer uma saudação ao sol;

Entoação de mantras variados;

Distribuição de "abraços grátis" na avenida movimentada de sua preferência;

Banho de sal grosso do pescoço pra baixo;

Andar com uma arruda atrás da orelha;

Distribuir doces sem motivo especial, apenas pela alegria de ainda estar em 2017;

Fazer serenatas de amor para desconhecidos;

Assistir o Jornal Nacional sentado no chão em posição de lótus;

Pular 7 ondinhas porque sim;

Ouvir qualquer disco do Guilherme Arantes no repeat;

Sambar na mesa do escritório (preferencialmente na ausência do chefe);

Pintura facial com temas angelicais;

Dizer a todas as pessoas queridas que, aconteça o que acontecer dentro de 360 dias, foi bom enquanto essa amizade durou;

Rezar muito pelo futuro, porque no próximo outubro não vai ter moleza não.

Sobre a autora

Luiza Sahd é jornalista e escritora. Colaborou nas revistas Tpm, Superinteressante, Marie Claire e Playboy falando sobre comportamento, ciência, viagem, amor e sexo. Vive entre São Paulo e Madrid há anos, sem muita certeza sobre onde mora. Em linhas gerais, mora na internet desde 2008.

Sobre o blog

Um lugar na internet para falar das coisas difíceis da vida -- política, afeto, gênero, sociedade e humor -- da maneira mais fácil possível. Acredita de verdade que se expressar de modo simples é muito sofisticado.