Será que você precisa realmente ser bom no que gosta?
É impressionante o tanto que podemos aprender sobre nós mesmos dentro de um aparelho de ressonância magnética. Levando a vida que levamos, passar 15 minutos sem poder se mexer me pareceu quase uma contravenção, um atentado contra a eficiência e a produtividade. Por outro lado, ali, pelo menos, te deixam uma campainha de pânico para receber socorro caso tudo dê errado. Deveriam implementar essa campainha nos quatro cantos do mundo.
Dentro da tal máquina, sem poder mover nem um mísero dedinho, me peguei tentando fazer aquele tempo servir para alguma coisa. Uns diriam "carpe diem"; eu diria: "puta merda, como é duro ser obcecada por excelência". Se você achou que, no fim das contas, me permiti ter tempo ocioso, sinto informar que gastei todos os minutos justamente planejando este post e lembrando deste cara aqui:
Talvez só os desencanados sejam felizes. Lembra quando a gente rabiscava uns negócios doidos com giz de cera na escola e nossos pais e professores diziam que tava lindo? Nem eu. Mas, de qualquer forma, saudades. Quem ainda deve lembrar é Britney Spears, que comoveu a internet na última semana pintando um quadro no modo fácil ao som de Mozart.
Zoeiras da Brit à parte, a verdade sobre querer fazer um monte de coisas — umas tantas com perfeição — é que ninguém além de você se importa tanto. Fora algum prestígio (que infelizmente ainda não é aceito como forma de pagamento de faturas), a pessoa perfeccionista ganha rugas, amargura, cabelo branco e torcicolo. Pior: quem joga no hard geralmente espera excelência dos outros também. Taí uma fórmula perfeita para enlouquecer à toa.
"Jogar no easy é uma arte esquecida que pretendo resgatar daqui em diante", pensei. Em seguida, fui fazer uma omelete de batatas. Fritei as batatas e cebolas, bati o ovo, adicionei amor, deixei dourar de um lado e coloquei o prato em cima para virar e fritar o lado B.
O prato escorregou. Caiu um monte de ovo mole no fogão que eu tinha acabado de limpar.
Fiquei muito puta. Dane-se o "modo easy". Gente exigente não tem conserto.
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