Topo

Luiza Sahd

Cigarro é a chupeta dos ansiosos

Luiza Sahd

16/02/2018 05h00

Até uns 15 anos de idade, eu odiava cigarros; há 17, sou fumante.

Tudo começou com a adolescência, sempre ela. Um "amigo" ofereceu um cigarro de chocolate, me ensinou a tragar e, no mesmo dia, fumei quase um maço. Sobre esse episódio, duas colocações são importantes:

1. Eu poderia chamar essa pessoa de amigo da onça, mas se não fosse ele, seria algum outro. Fora que o coitado também deve estar fumando até hoje;

2. Se começar um vício com tanta fúria não for programação genética para ser fumante, não sei o que pode ser.

De qualquer forma, é muito triste pensar que já fumo há mais anos do que não fumo, e, se você também está nessa, talvez esta leitura te emocione… para bem e para mal.

Apesar das oportunidades de fuga que só um cigarrinho oferece, a gente desaprende a fugir do que precisa sem ele. As desvantagens de fumar são todas, exceto isso. Lembrando aquela questão freudiana do desenvolvimento psicossexual, suspeito que os cigarros sejam pouco mais do que chupetas para ansiosos. Não que a gente não precise, mas muito menos que a gente deva apelar para isso com idade suficiente para já ter tido uns quantos filhos.

Outro trabalho que me comoveu nesse sentido foi o relato em ilustrações da Mari Casalecchi sobre um período de abstinência da chupeta do capeta. Todo fumante que já parou sentiu uma (ou todas) dessas coisas:

Abstinência | dia 3

Uma publicação compartilhada por Mari Casalecchi (@maricasalecchi) em


Também parei e voltei a fumar sabe Deus quantas vezes. O cigarro, todos os dias das últimas décadas, tem sido o pior melhor amigo que já tive.

Credo, que delícia.

Sobre a autora

Luiza Sahd é jornalista e escritora. Colaborou nas revistas Tpm, Superinteressante, Marie Claire e Playboy falando sobre comportamento, ciência, viagem, amor e sexo. Vive entre São Paulo e Madrid há anos, sem muita certeza sobre onde mora. Em linhas gerais, mora na internet desde 2008.

Sobre o blog

Um lugar na internet para falar das coisas difíceis da vida -- política, afeto, gênero, sociedade e humor -- da maneira mais fácil possível. Acredita de verdade que se expressar de modo simples é muito sofisticado.