Topo

Luiza Sahd

Ideia: vamos regulamentar as curtidas nas redes sociais?

Luiza Sahd

29/12/2017 08h00

Vamos acabar com a palhaçada, mesmo que para isso seja necessário pegar em armas!

 

Há 20 anos, começamos a nos relacionar pela internet. Foram sabe Deus quantas horas de Bate-papo do UOL, ICQ, MSN, Orkut e fóruns doidos em geral até chegar na caótica realidade das inúmeras redes sociais que usamos hoje em dia, sobretudo, com a função de desgraçar a mente.

Foi bom enquanto a sanidade mental durou, mas parece que agora deu ruim. Assim como tivemos demandas legais inéditas com o advento desta tecnologia (Marco Civil da Internet, e Lei Carolina Dieckmann), é gritante a necessidade de regulamentar as curtidas de Facebook, Instagram, Twitter e afins.

Se você não tem um amigo paranóico nessa vida, provavelmente o amigo paranóico da turma é você. Não importa tanto se a carapuça serve aí ou não, o fato é que ninguém aguenta mais ouvir relatos dadaístas de gente tentando interpretar curtidas alheias na internet. A resposta definitiva nunca chega, assim como nunca param de chegar as curtidas tétricas em nossas notificações.

Seu celular é a casa da mãe Joana? Não. Então, talvez seja hora de batalhar por essa causa.

Aqui, temos exemplos de casos críticos de vítimas da falta de regulamentação de likes. Os nomes são fictícios para preservar a integridade dessas almas sofredoras.

Exemplo 1
Mário* saiu para tomar uma cerveja com Estefânia* há cerca de duas semanas. O encontro não deu em beijo nem nada, então eles pararam de se falar. Agora, Estefânia encasquetou de curtir tudo quanto é selfie que Mário posta no Instagram. Ele não quer puxar assunto para evitar o segundo pé na bunda, mas também não queria perder a oportunidade de pegar Estefânia. O que Mário faz?

R: enche o saco de todos os amigos pedindo opinião sobre a %"%# do like. E a Estefânia, bem como o Sarney, continua lá, curtindo.

Exemplo 2
Silvia* a Silvana* ficaram juntas por uns dois meses. Brigaram. Outro dia, Silvana publicou algo sobre animais fofos no Facebook e Silvia curtiu o post. Desde então, Silvana não passa um dia sem aporrinhar geral sobre a possibilidade de isso ser uma tentativa de reaproximação ou apenas um gesto de bandeira branca, despretencioso.

Visando otimizar as relações humanas todas e manter amizades, é urgente que cada curtida na internet demande o preenchimento de um formulário rápido nos seguintes moldes:

(  ) Curti porque tô a fim de você mesmo
(  ) Curti apenas porque quero atenção
(  ) Curti só na amizade
(  ) Curti ironicamente
(  ) Curti sem querer, que vergonha, foi mal. Estava só xeretando.

CUSTA dar paz aos internautas em geral? Eu acho que não.
Se você também acha, apoie esta causa.

Sobre a autora

Luiza Sahd é jornalista e escritora. Colaborou nas revistas Tpm, Superinteressante, Marie Claire e Playboy falando sobre comportamento, ciência, viagem, amor e sexo. Vive entre São Paulo e Madrid há anos, sem muita certeza sobre onde mora. Em linhas gerais, mora na internet desde 2008.

Sobre o blog

Um lugar na internet para falar das coisas difíceis da vida -- política, afeto, gênero, sociedade e humor -- da maneira mais fácil possível. Acredita de verdade que se expressar de modo simples é muito sofisticado.