De onde vem a ternura violenta, o riso nervoso e choro de alegria?
Quando minha irmã nasceu, chorei de alegria. Quando ela sentou em um móbile metálico e precisou ir para o pronto-socorro com um ferro fincado na perna, tive ataque de riso. Se isso não for prova de amor, não sei o que é. Ou, ao menos, é o que a ciência diz.
A frase que a cachorra mais escuta aqui em casa é, provavelmente, "EU VOU COMER VOCÊÊÊ". Não se trata de nenhum diálogo picante meu com ninguém, mas resultado de um desespero afetivo quando vejo a simetria fofa entre os olhinhos de jaboticaba e o fuço de raposa que a bicha tem. Eu literalmente cogito enfiar a cara dela na boca… e percebi que não estou sozinha.
Passeando com os cães por Madrid, já cansei de ouvir a frase 'me la como', que é basicamente isso: uma gíria para quando você quer engolir algo, de tão lindo que é. As variações sobre o mesmo tema são muitas. Tem quem sinta vontade de esmagar ou matar filhotes de coelho e os que precisam se controlar para não beliscar bebês gorduchos.
O importante é que não se trata de psicose.
Em 2013, a Scientific American divulgou um artigo explicando o mecanismo que faz a gente sentir ataques de fofura violentos. Em linhas gerais, o cérebro dá uma colapsada de tanta emoção positiva e acaba produzindo emoções negativas para balancear os sentimentos. Depois, os cientistas entenderam que o mesmo efeito também explica o riso nervoso e o choro de alegria.
O que é bonito nisso: o corpo produz metáforas. É uma excelente notícia porque, se até a nossa fisiologia se enrola um pouco na busca por equilíbrio, parece que já tá liberado sentir um pouco de confusão em relação à vida, ao universo, à profissão e ao último disco do Mano Brown.
Das melhores bobagens assimiladas na internet ao longo da vida, uma das minhas favoritas é a expressão chorrindo, para quando você não sabe muito bem se quer chorar ou rir ou os dois ao mesmo tempo porque a cabeça processou sentimentos demais envolvendo um único fenômeno.
Finalmente, poderemos chorrir em paz e apertar filhotes fofos bem delicadamente.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.